sábado, 15 de junho de 2013

Protestos no Brasil

A causa de vinte centavos ou Os homens (não) de pouca causa


Às vésperas do início da Copa das Confederações, quando o mundo volta seus olhares para o Brasil, o país foi acometido por uma onda de protestos organizados de dentro das Redes Sociais, por estudantes e movimentos estudantis, muitos, empunhando bandeiras vermelhas, de certo modo, até desbotadas.
É um movimento que há muito não se via na pátria verde e amarela, desde “Os caras pintadas” na década de 1990, no século passado, os novos intelectuais não se levantavam com tanto fervor. Os protestos surgiram inicialmente em Natal (RN) e chegaram as capitais do sudeste e se espalharam pelo país, Niterói (RJ), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS) abrigaram levantes contrários ao aumento da passagem no transporte público. Essa semana a repercussão na mídia nacional começou, quando os protestos ganharam as ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. Agora, a imprensa internacional também já repercute os fatos. Aliás, a intensidade da cobertura da mídia alavanca apenas a violência dos protestos,  mostrando os finalmente entre policiais e protestantes, fazendo terror, ao ressaltar o lado dos vândalos que se juntam ao movimento para depredar o patrimônio público. As redes sociais mostram que as flores também são apontadas para os policiais por grupos solitários, que levantam questões e cartazes diversos, para serem realmente ouvidos e não medidos por causa de vinte centavos.
Daqui, do Reino do dendê, já vemos nas Redes sociais estudantes de trinta (30) anos prometendo o levante em Salvador. Dentre as maiores capitais brasileiras, a Cidade da Bahia foi a única que, até o momento, não sinaliza aumento de passagem, mas a renovação na frota de ônibus, através de processo licitatório já anunciado pela prefeitura.
Diante de tanta repercussão, de tantas opiniões espelhadas pela mídia tradicional, e tantos depoimentos difundidos pelas redes sociais ao vivo e em imagens diversas, lanço aqui alguns questionamentos que, a meu ver, não podem faltar na análise desse momento. Afinal de contas, qual seria o real significado e objetivo desse movimento que se intitula “Passe livre”? Conseguir não pagar mais vinte centavos na passagem? Conseguir a liberalização da maconha? Demonstrar o tamanho da nossa liberdade de expressão? Mostrar que a UNE não se vendeu? Fazer viver o PSTU? Reclamar da corrupção e dos gastos excessivos para a realização da Copa do mundo?
Estaríamos vivendo uma guerra entre estudantes e militares, por causa de vinte centavos, como os jornais querem nos fazer acreditar? Seria essa a causa que realmente merece  esforços e cobertura, num país onde a corrida presidencial está em pleno vapor, a mais de um ano para o início das eleições de 2014? Que tipo de jogo político está sendo manipulado nos bastidores de tudo isso? Com certeza todos os corajosos leitores teriam suas próprias respostas para todos esses questionamentos, e teriam muito mais questionamentos a fazer.
Novos movimentos já estão sendo preparados para a próxima semana no Sudeste, já existem boatos de que em São Paulo torcidas organizadas de times estão convocando as organizadas de clubes rivais para ajudar nos protestos. Imaginem todos juntos nas ruas! Estariam armados ou não? No Rio de Janeiro há boatos de que o movimento irá lançar uma pauta mais significativa, protestando por melhores condições na educação, por exemplo. Os governos municipais e estaduais já manifestam desejo de sentarem-se à mesa com os líderes dos movimentos e dialogar. Teríamos então novos líderes surgindo desse movimento? Quem seria o representante das vozes das redes sociais?
Tenho fé que, na somatória das contas, a luta e a causa se alargue, que vinte centavos seja apenas o estopim, para que se busque mesmo uma reforma política, uma reforma tributária, social e educacional, o não cerceamento do poder do ministério público, o não cerceamento do poder do Supremo em contraposição aos nossos legisladores, enfim. 
Que não sejamos homens de pouca causa! Que saibamos significar o valor real desses benditos vinte centavos!


Por: Gildeone dos Santos Oliveira

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